segunda-feira, 20 de junho de 2005

Vigiar duas vezes mais!

Inúmeras vezes nos evangelhos podemos perceber Cristo nos chamando à oração e à vigilância. Seja na parábola das dez virgens (cf. Mt 25, 1-13), seja na parábola do senhor que foi viajar e deixou a administração de seus bens ao encargo de seus empregados (cf. Lc 12, 35-20), ou em qualquer outra palavra sobre vigilância, a mensagem é uma só:

“Estai, pois, preparados, porque à hora em que não pensais, virá o Filho do homem” (Lc 12, 40).

E não apenas em parábolas, mas abertamente Jesus faz o mesmo apelo aos seus discípulos, sobretudo nas vésperas de sua paixão no Getsêmani:

“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41).

Jesus conhecia como ninguém as limitações humanas, e sabia que só pela oração seríamos capazes de vencer a tentação. É preciso amadurecer a cada dia no amor a Deus, para que o nosso espírito seja mais forte que os impulsos da nossa carne, para que o nosso espírito esteja pronto.

Grande motivo também para permanecermos vigilantes é que, além da nossa inclinação natural ao pecado, o Inimigo de Deus está sempre a nos rondar. Este, sabendo de nossas fraquezas, investe todas suas forças pra nos levar à perdição:

“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor como um leão que ruge, buscando a quem devorar” (I Pe 5, 8).

Mas o maior de todos os motivos para permanecermos vigilantes, é o amor que temos para com Deus. É nesse amor que buscamos nos manter firmes e inabaláveis na fé, longe do pecado. Vigiamos porque não queremos desagradar o coração de Deus. O nosso amor por Ele é que nos move a uma vida de santidade, de busca pela verdade, e de entrega total.

Não quero dizer que pelo simples fato de vigiar nunca mais cairemos: somos fracos, somos humanos, somos limitados. Mas, é justamente este o grande motivo para intensificamos nossas orações, para nos colocamos cada vez mais vigilantes.

E se agradar a Deus já era um ótimo motivo para vigiarmos, é preciso lembrar também que somos referência, somos testemunho da graça, e por isso sempre estão a nos observar. Enquanto muitos se espelham em nós para seguir a Deus, tantos outros querem ver a nossa queda, e nos maldizem quando isso acontece.

Quantas vezes você deve ter ouvido alguém falando algo do tipo: “aquele lá que está fazendo essas coisas é aquele que vive na igreja querendo dar uma de santinho”, “prega muita coisa bonita dentro da igreja, mas quando vira as costas faz um bando de coisa errada”, “é santinho na igreja, mas um diabinho na rua”,...

É séria a nossa posição enquanto seguidores de Cristo! Não basta nosso desejo de agradá-lo o tempo todo, ainda somos chamados a ser testemunhos da verdade. Quando caímos, muitos que erroneamente se espelham nos homens e não em Deus, também caem. Por isso devemos evitar ao máximo ser contratestemunho. Não podemos ser motivo de queda para os nossos irmãos.
           
“Deixemos, pois, de nos julgar uns aos outros; antes, cuidai em não pôr um tropeço diante do vosso irmão ou dar-lhe ocasião de queda”. (Rm 14, 13).

Infelizmente muitos que ainda não experimentaram o amor de Deus olharão apenas para os homens. Olharão o testemunho de vida que damos, mas não enxergarão a graça de Deus por trás de nossas lutas. Não terão maturidade espiritual suficiente para entender que é por graça que ainda nos mantemos firmes, pois o Senhor usa de criaturas frágeis e miseráveis como nós para manifestar a sua grandeza. Por sermos fracos, somos passíveis de erros, e mesmo com muitos anos de caminhada, ainda assim enfrentamos nossas lutas internas. Não há como ser diferente, enquanto formos homens seremos tentados a todo instante. Mas pelo Espírito Santo que habita em nós alcançaremos a graça de pecar e cair cada vez menos, de sermos santos.

Portanto, não basta vigiar apenas pelo simples fato de amar a Deus e querer agradá-lo. Precisamos vigiar duas vezes mais: uma por nós mesmos, e outra por nossos irmãos!
           
“Vigiai! Sede firmes na fé! Sede homens! Sede fortes! Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (I Cor 16, 13-14).

Que o Senhor nos envie cada dia o seu Santo Espírito, e nos revista de força para permanecermos firmes na fé! Que a graça de Deus esteja com cada um de nós!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

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