sábado, 21 de março de 2020

Tempos de crise e os desígnios da Divina Misericórdia


De tempos em tempos a humanidade enfrenta grandes epidemias de dimensões avassaladoras. Seja a Peste Negra na Idade Média, a Gripe Espanhola no início do Século XX, ou a pandemia do Coronavírus nos dias atuais, devemos entender que Deus, nos seus desígnios de misericórdia, permite que essas provações nos visitem.

O homem, no seu individualismo, na sua autossuficiência, entorpecido pela vida moderna, pouco à pouco se afasta de Deus. Seduzido pelas facilidades dos novos tempos, pela oferta excessiva de bens, atividades e falsos prazeres, relativiza o sentido da sua existência e da figura do seu Criador. Nos esquecemos de quem viemos e para que viemos. Nesse esquecimento, dia a dia acumulamos pecado sobre pecado, fazendo o mau a  próximo e a nós mesmos. 

Assim, ainda que Deus seja incapaz de fazer mau aos homens, de forma pedagógica Ele permite que o mau nos aconteça. Nos últimos anos temos percebido uma escalada da corrupção humana. Muitos vêm se perdendo e levando outros a perdição.

Mas Deus nos criou para a salvação, e não para perdição. Prova disso foi o envio do seu próprio Filho que se sacrificou para a expiação dos nossos pecados. Alguns, tomando consciência desse sacrifício, o acolhem mudando de vida radicalmente. Outros, porém, precisam de grandes choques de realidade para se voltar a Deus. Por isso esses momentos de crise mundial vêm de forma oportuna para nos darmos conta do sentido maior da nossa existência: amar a Deus de todo o coração!

O amor de Deus nos realiza e nos completa. Portanto, aproveitemos esse momento de "graça permitida" para repensar a própria vida. É Deus, mais uma vez, nos dando uma nova chance. Creio que Ele quer que muitos se salvem, do contrário, seu Filho já teria retornado há muito tempo, como consta nas escrituras. 

É tempo de luta, tempo de dor, mas, sobretudo, tempo de graça. Que a humanidade se converta, e que os filhos de Deus sejam sinal de misericórdia para aqueles que ainda têm o coração vacilante. Saiamos dessa pandemia com o coração revigorado e a fé fortalecida, até o encontro definitivo com o Cristo na sua Glória. 

E não nos esqueçamos do desejo do nosso Pai que está no Céu:

"A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo." (I Pe 1, 15-16).

É tempo de conversão!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Amar sempre, em qualquer condição!

Sobre as realidades espirituais, muitos se questionam sobre céu, inferno ou purgatório. Querem seguir a Cristo apenas naquilo que os convém e, ainda assim, desejam o céu sem ter que pagar o preço por ele. 

Até aí, nada de errado, pois o querer é direito de todos. Acontece que, no fundo, nenhum de nós somos merecedores do céu e, na maioria das vezes, nem mesmo do purgatório. Se conquistamos este último é por pura misericórdia de Deus, que nos alcança com a sua graça e nos fortalece em nossa luta para tentar corresponder ao seu amor infinito. 

O erro está em não enxergar, ou não querer enxergar, que temos um dever de gratidão a esse amor manifesto na cruz, por meio de seu Filho único, Jesus Cristo. Essa manifestação suprema de amor deveria nos compelir a nos sujeitarmos a vontade de Deus, ainda que questionemos o sentido de algumas "imposições" eclesiásticas (um parêntese: Cristo é a cabeça da Igreja).

Justas ou não (segundo critérios humanos), mesmo que encontremos dificuldades insuperáveis no seu seguimento, deveríamos passar a vida tentando viver estes ensinamentos, confiantes no auxílio da graça divina.

É certo que cada ser humano encontra suas dificuldades particulares. Por isso, desistimos tão facilmente de confrontar os nossos defeitos, optando por assumi-los como imutáveis. 

Ainda que o fossem, o amor maior deve nos impelir a lutar diariamente contra os nossos defeitos. Se não é possível passar uma vida sem determinados deslizes, é certo de que podemos passar um dia, um mês, quiçá um ano, sem cometer determinados pecados em honra ao Cristo que por amor a nós morreu na Cruz.

Cada batalha vencida não deve ser acolhida com orgulho ou vaidade, pois se as vencemos é por pura misericórdia de Deus que nos socorre com as graças oportunas. Mas, antes, devem ser oferecidas em louvor e agradecimento a Deus por nos dar forças para superá-las, ou como sacrifício pelas almas do purgatório e em reparação dos pecados de toda a humanidade. 

É certo, também, que nada de impuro entra no céu. Por isso, grande sinal da imensa misericórdia divina é a existência do purgatório, pois nos dá a oportunidade de purificarmos as nossas faltas para que, um dia, por essa mesma misericórdia, possamos gozar da presença beatífica de Deus, vendo-O face a face, desfrutando da alegria eterna.

Mas, aceitar a nossa humanidade a ponto de julgar não valer a pena lutar deveria ser motivo de vergonha para nós. Pior que isso é querer gozar da presença de Deus, sem esforço pessoal. Ainda que a salvação seja ato de extrema misericórdia, pois esforço humano nenhum é capaz de sequer se aproximar do imenso sacrifício de Cristo na cruz, é nosso dever fazer a nossa parte para, no mínimo, tentar honrá-lo por esse amor grandioso. 

Salvação não é mérito, é misericórdia, mas não prescinde do nosso esforço. Aceitar que somos pecadores a ponto de nos embrenharmos ainda mais na lama dos nossos pecados é desonrar o sacrifício divino.

Devemos desejar, ao menos, que Deus nos acolha no purgatório, o que para a maioria da humanidade já é motivo de imensa alegria diante do mínimo esforço que somos capazes de fazer. O que não podemos é ignorar o sacrifício de Cristo, vivendo conforme a nossa própria conveniência.

No fim, o que salva é o Amor. Muito mais o amor divino do que o nosso próprio. Para mim, só peço uma coisa, que Deus me dê a graça de amá-lo mais e mais, e amando-O, eu possa amar a todos os meus irmãos. 

É fato que, ainda que eu ame, eu possa cometer deslizes terríveis a ponto de não merecer nem mesmo o purgatório. Mas, ainda que eu seja condenado ao inferno, que eu possa amar Deus de lá, pois se esse for o meu destino não será por injustiça divina, mas pelos meus próprios esforços que me conduziram a tal condenação. Seja qual for o meu destino, que Deus me permita amar sempre!

Teologicamente, sabe-se que no inferno há ausência total de amor, já que no homem condenado ao inferno há uma revolta constante contra Deus. 

No entanto, se esse for o meu destino, me atrevo a pedir a Deus um pouquinho mais da sua misericórdia, me permitindo reconhecer a minha miséria e, ainda assim, devotá-lo amor. Que eu saiba separar as escolhas humanas da justiça divina e amá-lo onde quer que eu esteja.

Pode-se questionar que amor que não corresponde totalmente ao amor do outro não é amor. Mas o amor humano sempre foi e sempre será limitado. Por isso, que me reste um pouquinho de amor para continuar amando-O, apesar das minhas limitações. 

O amor não nos faltou na cruz, portanto, que nos esforcemos constantemente para corresponder intensamente a este amor, amando-o sempre, em qualquer condição!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Um justo diante de Deus

Quem dentre nós nunca se questionou sobre o seguimento radical do evangelho quando nos deparamos com uma Igreja tomada por pessoas vivendo uma vida "mais ou menos", na superficialidade da fé?

Daí nos questionamos se não seria demasiadamente exagerado da nossa parte uma postura conservadora, querendo evitar todo tipo de erro ou pecado, mortal ou venial. Uma vida "mais ou menos", com retidão de intensão e coração sincero já seria suficiente. Faltar a uma missa ou cometer um pequeno deslize seria moralmente aceitável, já que muitos fazem o mesmo.

Poderíamos, ainda, apelar facilmente para a misericórdia. Afinal, cremos em um Deus misericordioso e bom, pleno em amor e compaixão, não é mesmo? Assim, vamos relativizando a nossa fé!

O momento atual, em que tudo é muito intenso e superficial, corrobora para esse tipo de postura. A gama de informações, conhecimento e oportunidades encontram-se em quantidades jamais vistas na história. Juntando a isso a pseudo liberdade adquirida nos últimos anos, associada a perda de valores familiares e humanos, sutilmente vamos nos afastando de Deus.

Queremos viver a fé ao próprio modo, alheios às exigências que o seguimento de Cristo nos propõe. Para nós, basta cremos, rezarmos de vez em quando, e ir tocando a vida sem muito compromisso, pois estaríamos vivendo uma "espiritualidade" minimamente aceitável.

Ocorre que o seguimento de Cristo é exigente. Não o fosse, Ele mesmo não teria dito: "se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me" (Lc 9, 23b)

A fé em Deus exige decisão, exige atitude. Muito se alega que a Igreja determina ou impõe determinadas regras ou comportamento, mas muitos se esquecem que grande parte do que é teoricamente "imposto" pela Igreja é exigência do próprio Cristo nos evangelhos.

No livro sagrado não raras vezes encontramos exigências relativas ao perdão, ao amor ao próximo e aos próprios inimigos. Em outro ponto, Cristo critica o adultério e prega a indissolubilidade do matrimônio. Por fim, temos uma regra de vida pautada nos mandamentos divinos: amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar se santo nome em vão, guardar domingos e festas, honrar pai e mãe, não matar, não percar contra a castidade,  não roubar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo, não cobiçar as cosias alheias.

Frequentemente criticamos a Igreja, quando esta nada mais é do que a guardiã da fé. Determinadas regras não foram impostas por ela, mas pelo próprio Cristo como já relatado. Este mesmo Cristo instituiu a autoridade papal, orientou a confissão dos pecados e pediu a perpetuação do seu sacrifício eucarístico.

Quando nos aprofundamos na nossa fé começamos a entender que é necessário um seguimento radical do Evangelho, pois é a Cristo que seguimos e não aos homens. Cabe pontuar que radicalidade não é fundamentalismo, mais ir à raiz da nossa fé.

Caminhando para o final desta reflexão, quero pontuar dois exemplos bíblicos de fé e radicalidade:

Em Gênesis, o Senhor vendo que havia crescido a maldade do homem na terra, e como os projetos do seu coração tendiam sempre para o mal, teria se arrependido de ter criado  o homem e se decidido a exterminá-lo da face da terra (Gn, 6, 5-7). Mas ocorre que "Noé encontrou graça aos olhos do Senhor" (Gn 6, 8). Assim, por esse único homem justo, Deus volta a acreditar na humanidade, salvando a criação do dilúvio.

O mesmo ocorre em Gênesis nos capítulos 18 e 19. Sabendo da iniquidade de Sodoma e Gomorra, Deus resolve destruir essas cidades e revela seu plano a Abraão (tamanho o grau de amizade que Abraão adquiriu com Deus): "o Senhor disse então: Acaso poderei ocultar a Abraão o que vou fazer?" (Gn 18,17). Então, Abraão roga a Deus para que não destrua Sodoma e Gomorra se lá se encontrar 50 justos. Deus promete não destruir a cidade caso encontre esses justos no local, mas Abraão sabia que isso seria um devaneio. Assim, Abraão vai "negociando" com Deus e reduzindo esse número até a quantidade de 10 e Deus promete não destruir a cidade caso lá se encontre 10 justos. Imagino que Abraão tenha ficado envergonhado diante de Deus em apelar para uma quantidade inferior, já que todo ser humano deveria ser justo, e Deus acaba destruindo a cidade salvando apenas Ló e suas duas filhas. Talvez se Abraão tivesse insistido em apelar por apenas um homem justo, no caso Ló, Deus não teria destruído a cidade, tamanho o valor de um homem justo diante de Deus!

Recorro a esses exemplos para concluir que somos chamados a ser justos diante dEle, dessa forma encontraremos graça aos Seus olhos. Ainda que sejamos o único homem justo na face da terra, não devemos nos incomodar em nadar contra a correnteza, em ser diferentes. Não é a homens que devemos agradar e sim a Deus. É Ele quem nos chama, é a nós que Ele entregou o seu filho em sacrifício para nos salvar. Nada mais justo do que sermos grato e seguirmos a Cristo de forma radical, como Ele nos pede, como Ele nos orienta nas páginas do Evangelho. Importa agradar a Deus e não aos homens (cf. Gl 1,10). Não sejamos cristãos pela metade, não sejamos mornos (cf. Ap 3.16), Deus nos quer por inteiro!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate






segunda-feira, 2 de maio de 2016

A autoridade espiritual do homem sobre sua casa

Porque o homem é cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo. (Ef. 5, 23)

Pelo sacramento do matrimônio Deus reveste o homem de toda a autoridade necessária para cuidar de sua esposa e de sua casa. Não autoridade apenas de chefe da família, de provedor, mas também de autoridade espiritual.

Matrimônio é sacramento, portanto, se constitui como sinal eficaz da graça de Deus. É a manifestação de Deus na vida do casal transmitindo dons espirituais e produzindo efeitos concretos sobre os cônjuges.

Instituindo o homem como cabeça da mulher, assim como Cristo é a cabeça da Igreja (cf. Ef. 5, 23), Deus reveste o homem de autoridade espiritual. Dessa forma, é importantíssimo que o homem assuma essa autoridade com toda a força do seu coração para lutar pela salvação de sua casa.

É certo que a família, como projeto maior de Deus, tende a ser profundamente perseguida e atacada. Não é vontade do inimigo de Deus que essa instituição prevaleça. Na tentativa de afastar alguém de Deus, o “melhor caminho” para Satanás é atacar a família. É na família, Igreja Doméstica, onde Deus manifesta sua graça. É na família onde a vida se inicia, pela geração dos filhos, e também onde os ensinamentos divinos se enraiza nos corações, pela catequese familiar, pelo testemunho de vida.

A todos os seus membros, mas sobretudo ao homem, cabe zelar para que essa instituição divina não seja atacada, não seja destruída. A autoridade espiritual deve ser exercida a todo instante, com vigilância e com afinco. Ao homem cabe salvar e santificar a si mesmo, mas também lutar pela salvação e santificação de sua casa, daqueles a quem Deus lhe confiou. Assim, é importante que o homem se mantenha de pé, firme na sua crença, inabalável na sua fé, para que nenhum dos seus se percam. 

Zelar física e espiritualmente pela família é honrar ao sacramento do matrimônio, à aliança contraída no altar diante de Deus, louvando-O e glorificando-O através da fidelidade ao Seu projeto.

O lar é local sagrado da presença de Deus, portanto, devemos impedir que o inimigo atente contra nossa casa. Ao menor sinal de que as coisas não vão bem, somos chamados a reforçar a oração e as práticas espirituais em benefício da salvação e santificação dos nossos. Daí a importância de recorrer sempre à eucaristia, à confissão, ao jejum, à oração, ao terço e à leitura da Palavra. Precisamos purificar o nosso coração para exercer a autoridade espiritual que Deus nos conferiu.

Se algo perturba a paz no nosso lar, somos chamados a nos revestir da autoridade paterna  e realizar pequenos exorcismos(*) em favor dos nossos. Devemos, explicitamente, rezar para que o mal não tenha vez sobre a nossa casa, sobre os nossos. Somos a cabeça da casa,  como Cristo é da Igreja. Assim, não podemos permitir que o mal prevaleça. Temos toda autoridade espiritual, investida pelo próprio Deus, para que o mal se afaste dos nossos, para que caia por terra toda forma de tentação demoníaca que queira nos desviar dos caminhos do Pai. 

Em nome de Jesus ressuscitado e de Seu sangue derramado na cruz devemos solicitar Sua proteção contra toda espécie de mal. Devemos solicitar, também, a presença constante dos nossos anjos da guarda. Como chefe da família, nós homens devemos orar ao nosso anjo da guarda, mas também pedir que ele se una aos anjos da nossa esposa e dos nossos filhos para se colocarem em ordem de batalha contra as forças do mal. Podemos recorrer também a São Miguel Arcanjo, chefe da milícia celeste, para que se coloque junto aos anjos da guarda da família para proteger a cada um. Não podemos esquecer, ainda, do auxílio de Nossa Senhora, fiel intercessora, para que ela mais uma vez esmague a cabeça da serpente.

Em resumo, somos muito pequenos diante do Pai, mas Ele mesmo nos confiou toda a autoridade espiritual sobre a nossa casa. Ele estará sempre pronto a nos proteger e a nos guiar, mas cabe a nós permanecermos unidos a Cristo, como ramos da videira de Deus, o agricultor. Assim, nenhum mal será capaz de prevalecer sobre nós. 

A autoridade já nos foi dada através sacramento do matrimônio, não podemos deixar de exercê-la pela santificação dos nossos!


Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

(*) Pequenos exorcismos são orações para uso privado e não representam o Exorcismo Solene da Igreja, que deve ser realizado apenas por sacerdote expressamente autorizado. São pequenas orações, fórmulas prontas ou orações voluntárias, contra a presença do mal, contra as recorrentes tentações que buscam nos abalar.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Os ladrões do tempo e o dízimo devido a Deus

Hoje quero falar de questões práticas relativas ao tempo, de como convertê-lo em bênçãos ou torná-lo ocasião de queda.

Nunca foi tão fácil desperdiçar o tempo como nos dias atuais. A modernidade tem tirado o homem do caminho reto, levando-o a se perder em meio a tantos atrativos que, aparentemente, poderiam parecer saudáveis, mas aos poucos vão se convertendo em perdição.

Nos perdemos em meio a tantos afazeres e preocupações, mergulhando de tal forma na rotina profissional ou familiar que, muitas vezes, acabamos nos esquecendo de que Deus existe. Quando, enfim, conseguimos um tempo livre para "respirar" e para descansar, procuramos satisfazer nosso desejo de nos envolver em atividades prazerosas, muitas vezes como compensação pelo dia agitado que tivemos. Seria a recompensa oportuna pelo cansaço excessivo ou pelos muito problemas enfrentados ao longo do dia. Isso quando não desabamos direto na cama, nos rendendo ao cansaço de um longo dia de trabalho.

No entanto, quero me atentar aos pequenos ladrões do tempo. Com o advento da internet e das novas mídias, as formas de entretenimento tem se multiplicado em ritmo vertiginoso. Não raras vezes, navegando por portais de notícias na internet, por exemplo, vamos mergulhando nesse turbilhão de informação, a ponto de cair em páginas verdadeiramente "desinformativas". Entre uma notícia e outra ,importante ou interessante, nos deixamos levar pela nossa curiosidade e, aos poucos, nos deparamos em sites que pouco ou nada edificam, não raras vezes em sites que nos levam a pecar.

Entre uma notícia e outra, somos seduzidos por ofertas tidas como "interessantes", estimulando nossos "instintos consumistas" quando, na verdade, não necessitamos de determinado item; nos embrenhamos em sites de fofocas, curiosos com a vida fútil de determinadas "celebridades"; nos interessamos por novelas e programas de "reality shows"que, embora se proponham a simular a realidade, tentam nos seduzir com a imagem de uma "realidade" de valores distorcidos, incompatíveis com os valores do cristianismo; por imagens de personalidades conhecidas em rostos bonitos e sedutores que, sem percebermos, nos direcionam a sites libidinosos; ou mesmo nos perdemos em artigos banais ou esdrúxulos, sobre "o recorde lituano do maior comedor da pimenta forte da Costa do Norte da Malásia", a título de exemplo, que embora em nada denigra, também em nada nos acrescenta.

Saindo da esfera da internet, tantas vezes nos rendemos a conversas fúteis e banais, imbuídas de fofocas e comentários que denigrem a imagem alheia, causando muitas vezes estragos irreversíveis; ou mesmo perdemos tempo em conversas com o mesmo teor em aplicativos de celulares, assistindo a vídeos tolos e encaminhando esse tipo de mensagem a terceiros.

Esses e muitos exemplos ilustram como facilmente perdemos tempo ao longo de nossa rotina diária. Tudo bem em reservar um tempo pequeno para coisas realmente sem importância, caso tenhamos gosto por cultura inútil. O problema é quando, de fato, essas coisas vão tomando espaço significativo da nossa vida a ponto de não assumirmos os cuidados necessários com o próximo (muitas vezes nossos familiares), quando relaxamos com os nossos afazeres pessoais e profissionais e, no pior dos casos, quando excluímos definitivamente Deus das nossas vidas alegando não termos tempo para a oração.

De fato a modernidade nos impõe um ritmo de vida acelerado, mas acontece que muitas vezes a alegada falta de tempo existe porque o perdemos com coisas inúteis. Portanto, tenhamos cuidado de avaliar onde estamos gastando o nosso tempo, de modo a nos disciplinarmos a devolvermos parte dele a Deus como dízimo de algo tão precioso que Ele mesmo nos deu.

Permaneçamos firmes no Combate!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate.



segunda-feira, 9 de março de 2015

A unidade espiritual no matrimônio

Desde os primórdios dos tempos Deus criou o homem e a mulher para viverem juntos, sendo uma só carne. Deus mesmo reconhece que não é bom que o homem viva só e lhe promete uma ajuda oportuna (cf. Gn 2, 18).

Ao contrário do que muitos imaginam, ao verem a mulher como uma pedra de tropeço, como um problema ou uma "Dona Enquenca", Deus sonhou a mulher como uma auxiliar ao homem, uma ajuda oportuna.

Nesse sentido, ao receber a mulher, o "primeiro homem" agradece a Deus dizendo:

"Eis agora aqui, disse o homem, o osso dos meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem." (Gn 2, 23)

E Deus completa:

"Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne." (Gn 2, 24)

Mas essa unidade vai muito além da "carne de minha carne". Muito mais do que uma unidade física, Deus reservou ao homem e a mulher uma unidade espiritual, pensando, pois, no matrimônio como sacramento: como sinal da Sua graça.

Vivemos sim em uma realidade espiritual e isso também ocorre no casamento: nos tornamos não apenas uma só carne, mas também nos unimos espiritualmente um ao outro. Passamos, então, a ter responsabilidade um para com o outro pela aliança contraída no matrimônio.

Tanto é que cabe a ambos fazer a outra parte crescer, não só em alegria ou em apoio mútuo, em virtude da nova união, mas também em santidade.

Acontece que quando não cuidamos de nós mesmos, nos manchando pelo pecado, comprometemos também a outra parte, a tornando doente conosco.

Afinal, como diz São Paulo:

"Quero, porém, que saibais: a origem de todo homem é Cristo, a cabeça da mulher é o homem, e a cabeça de Cristo é Deus." (I Cor 11, 3)

e ainda,

"Se um membro sofre, todos os membros compartilham o seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros compartilham sua alegria." (I Cor 12, 26)

Percebemos, aqui, que Deus compara a unidade espiritual entre o homem e a mulher como a unidade dEle com o Pai. Assim como o homem é a cabeça da esposa, Deus é a cabeça de Cristo na relação trinitária. 

Da mesma forma que nos compadecemos com a outra parte com relação ao sofrimento físico, também há compaixão quando há uma enfermidade espiritual. Se uma das partes sofre, a outra também sofre, já que nos tornamos um só corpo pelo matrimônio.

É importante saber que a família é o mais belo dos projetos de Deus. Sendo assim, a família também é a instituição mais visada pelo inimigo de Deus no plano espiritual, não restando dúvidas, portanto, que o inimigo fará tudo o que estiver ao seu alcance para desestabilizar essa instituição de amor.

Mas, sendo um, quando o homem ou a mulher oram, uma parte contribui para a santificação da outra. Ao passo que, quando um peca, a outra parte também se coloca enferma.

Talvez você nunca tenha se atentado a isso, mas facilmente perceberá que a culpa de uma série de desentendimentos, ou mesmo um dia onde tudo dá errado, pode ser resultado da ação do pecado de uma das partes na vida do casal. Ou mesmo, à pouca ou nenhuma oração.

Passe a observar e verá que, na prática, no dia em que um das partes não ora ou peca, o dia de toda a família é afetado. Até o humor ou as atitudes do outro podem se tornar amargas, pois este também se coloca enfermo espiritualmente pela unidade que há no matrimônio.

Assim, cuidemos, pois, de nos apoiar  nessa unidade para santificar e não para destruir. Que a minha vida de oração e a minha vivência de fé sejam colocados como dom para santificação da minha esposa, do meu marido...

Que Cristo nos ajude nessa batalha!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quando o não abster-se de carne se converte em penitência

A quaresma é tempo especial para reflexão sobre a nossa caminhada de fé, bem como oportunidade ímpar para aparar nossas arestas e corrigir os rumos da nossa história.

Nessa época são recomendadas três práticas, cujo exercício nos fortalece na fé: oração, jejum e caridade, que nos elevam em direção à Deus, à nós mesmos e ao próximo.

Quanto ao jejum, especialmente na quarta feira de cinzas e na sexta feira santa a Igreja nos chama a abster-nos de carne, como forma de aprendermos a controlar os nossos impulsos carnais. No entanto, muitas vezes nos deparamos com situações constrangedoras e o simples fato de recusar comer carne nesses dias pode nos colocar em verdadeiras saias justas. Como nos portar então diante dessas situações?

O jejum deve ser uma prática particular, de modo que não é necessário que os outros saibam que estamos jejuando. Jesus mesmo nos recomenda:

"Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á." (Mt 6, 17-18)

O mais correto e sensato, então, é de fato evitar o consumo de carne. Assim, na presença de alguém muito estimado, mas não tão próximo à ponto de entender as nossa práticas particulares, podemos disfarçadamente não colocar um pedaço de carne no prato, substituindo-o por algo que chame igual atenção e soe como preferência à opção comum ou imediata.

Mas, se de tudo a recusa se demostrar perceptível ou mesmo escandalosa? Seguindo a recomendação de São Paulo quando questionado sobre as carnes sacrificadas aos ídolos, o apóstolo defendia que não haveria problema algum comer tal alimento pois somos esclarecidos e acreditamos em um só Deus, de modo que não estaríamos sacrificando carnes à ídolos que acreditamos não existir. Mas, para não ser causa de queda para o próximo, Paulo nos exorta:

"Atenção, porém, que a vossa liberdade não venha a ser ocasião de queda aos fracos." (I Cor 8, 9)

E ainda:

"Pelo que, se a comida serve de ocasião de queda a meu irmão, jamais comerei carne, a fim de que eu não me torne ocasião de queda para o meu irmão." (I Cor 8, 13).

Nos tempos de hoje, no entanto, a ocasião de queda ou de escândalo pode ser o fato de não comer carne, quando todas a desejam e, similar ao que recomenda o apóstolo, poderíamos comer a carne para não ser ocasião de queda para o irmão.

De fato, sempre que possível recomenda-se evitar o consumo de carne em situações corriqueiras de jejum, podendo não ceder em datas especiais como quarta feira de cinzas ou sexta feira santa, ondem poderíamos inclusive utilizar da recusa como situação particular para afirmar a nossa fé (e evangelizar). Mas há pessoas que já estão tão aprofundadas na fé que o simples fato de aceitar comer pescados nobres, como salmão, bacalhau ou camarão, em uma data como essas, para não escandalizar alguém cairia, como um sacrifício muito maior do que o fato de abster-se do alimento, já que desejariam ardentemente fazê-lo e encontram-se impedido pela situação específica.

Como exemplo, recorramos a vida de um santo para entender como pode se converter em penitência o fato de não abster-se da carne. São Nicolau de Tolentino, confessor, pertenceu a Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho e passou a maior parte da vida num convento, praticando austeridades difíceis de imaginar em nossos tempos, e recolhido em oração e na mais alta contemplação. Sua vida é repleta de milagres e de fenômenos místicos extraordinários. Era obedientíssimo. Conta-se que, por penitência, jamais comia carne, mas certa vez, estando doente, seu superior lhe deu ordem de comer um pouco de carne. O Santo obedeceu comendo um pedaço bem pequeno, e depois disse: "Já obedeci. Agora, por favor, não me aborreçam mais com essas gulodices".

Assim, não somente com relação ao jejum, somos convidados a converter alguns gestos da nossa vida em penitência. Se, para alguns, penitência é não comer carne em determinadas ocasiões, para outros o simples fato de comê-la já é um grande sacrifício. Portanto, que possamos nos utilizar dessas situações para a nossa santificação, bem como oferecendo-as para a salvação das almas.

Que Deus nos ajude nessa batalha!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O anúncio do Evangelho e a vida familiar!

Hoje trago a preocupação de muitos cristãos quanto à conciliação da missão com a vida pessoal, particularmente quanto aos cuidados familiares.
Quando nos convertemos a Cristo e o reconhecemos como Senhor de nossas vidas e de nossa história, é natural o impulso crescente para o serviço, para o anúncio do evangelho. Queremos partilhar com o próximo as graças recebidas, o imenso amor que sentimos, as transformações realizadas em nosso coração,... enfim, todos os aspectos que acompanham nossa conversão e a caminhada cristã.
Esse impulso se torna ainda mais forte quando nos deparamos com passagens evangélicas que inflamam nosso coração para o serviço, tais como:
- “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim.” (Mt 10, 37);
- “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt 19, 21);
-  “Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus”. (Lc 9,62).
São todas passagem muito fortes, vindas do próprio Cristo, que nos sugerem a abandonar todas as coisas que possuímos, inclusive o convívio familiar, para seguí-lo. Mas será que seria essa mesma a Sua vontade? Precisamos antes entender o contexto de cada palavra, antes de mal interpretá-la e agirmos por impulso. Mesmo porque, há uma passagem bíblica onde o mesmo Cristo critica veementemente aqueles que em atitudes farisáicas se apegam à lei e aos costumes como pretexto para não cumprirem com suas obrigações familiares. Vejamos:
“Com efeito, Moisés ordenou: 'Honra teu pai e tua mãe'. E ainda: 'Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer'. Mas vós ensinais que é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: 'O sustento que vós poderíeis receber de mim é Corban, isto é, Consagrado a Deus'. E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. Assim vós esvaziais a Palavra de Deus com a tradição que vós transmitis. E vós fazeis muitas outras coisas como estas.'” (Mc 7, 10-13).
Pela palavra, percebemos que Jesus não nos quer irresponsáveis no seguimento do seu Evangelho. É fato que em diversas situações seremos sim chamados a abandonar tudo para seguí-lo, inclusive bens e familiares. Tais situações dizem respeito à consegrações especiais como a de sacerdotes, religiosos e religiosas, comunidades de vida ou prelasias pessoais. Enfim, são chamados muito particulares que ocorrem, geralmente, em momentos da vida que não se exige cuidados especiais a membros familiares, como a pais em idade avançada ou a filhos em tenra idade, necessitados de presença física e afetiva de seus pais. Daí o fato da maioria dessas consegrações ocorrem ou se concretizam enquanto se está no estado de vida solteiro, pois na condição de casados implicaria na desestabilização do lar e no equilíbrio emocional dos membros que compõe o núcleo familiar.
Bom, e quanto ao chamado para abandonar tudo e seguir à Cristo? Recorramos às passagens tratadas anteriormente:
- Em Mt 10, 37, Cristo não nos chama a abandonar pai ou mãe, filho ou filha para seguí-lo, mas sim condena quem os ama mais do que a Ele, nos remetendo inclusive ao maior de todos os mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas. Dessa forma, este versículo nos convida a colocar Cristo acima de todas as coisas, principalmente como Senhor de nossas vidas e de nossa família. O fato de possuirmos pai ou mãe, filho o filha, não nos engessa para a missão. Pelo contrário, por amar a Cristo mais do que a qualquer outro, somos chamados a anunciar a boa nova, mesmo que também tenhamos que cuidar de nossos pais, esposa/o e filhos. O anúncio do evangelho não implica abandono dos familiares;
- Em Mt 19, 16-22, Jesus confronta o jovem rico com suas próprias aspirações particulares. No versículo 16 o jovem questiona Jesus sobre o que seria preciso para ter a vida eterna e, em seguida, Jesus afirma que o jovem deveria observar a todos os mandamentos, inclusive honrando pai e mãe. Como o jovem se inquetou com o conselho de Jesus, afirmando que já observara todos eles desde a tenra infância, Ele lhe confrontou sugerindo que o jovem não estava apenas buscando apenas a vida eterna, mas a perfeição, pois ele já estava no caminho certo para conquistar a vida eterna. Nesse caso Jesus afirma o que traz o versículo 19: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”.
- Em Lc 9, 57-62, Jesus cruza com três homens que desejavam seguí-Lo, mas alguns impuseram a Cristo restrições para esse seguimento: enterrar o pai e se despedir dos que estavam em casa. Nessa situação Jesus faz três observações: o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça, deixar que os mortos enterrem os seus mortos e não olhar para trás quando colocar a mão no arado. Dessa forma o próprio Cristo nos mostra que não podemos ter apegos quando O seguimos, sejam materiais ou familiares. Não ter onde repousar a cabeça é novamente colocar o seguimento de Cristo acima dos nossos prórpios caprichos e vontades individuais, enterrar os mortos é postergar o seguimento de Cristo (talvez o pai do sujeito nem tivesse morrido ainda) e, olhar para trás é novamente estar mais apegado às nossas próprias vontades do que nos empenharmos efetivamente no anúncio do evangelho.
Nesse sentido, São Paulo no capítulo 7 da primeira carta aos Coríntios, faz uma ótima reflexão sobre os diversos estados de vida, inclusive sendo mal interpretado muitas vezes pela preferência ao estado de solteiro em relação ao casamento. Mas, se observarmos as justificativas do apóstolo e todas as observações tratadas anteriormente nesse texto, chegamos à mesma conclusão, a vida de casado implica em algumas renúncias pessoais e ao devido cuidado aos membros da família, não sendo possível a mesma dedicação à missão quanto a que seria dispensada por pessoas solteiras ou celibatárias.
No entanto, como o próprio apóstolo exorta: “cada um permaneça diante de Deus na condição em que estava quando Deus o chamou.” (I Cor 7-24). Dessa forma, independente do nosso estado de vida, o mais importante é não sermos negligentes com nossas obrigações: o anúncio do evangelho e o cuidado devido ao núcleo familiar.
Anunciar o evangelho implica em desprendimento, em renúncia, em colocar o Senhor acima de todas as coisas. Não podemos deixar de anunciar o evangelho, mesmo que apenas com a própria vida, muito mais que com palavras (também necessárias), com a desculpa de que a condição familiar não permite uma dedicação particular à causa do Evangelho
Seguir a Cristo também não nos desobriga dos cuidados familiares. Do contrário, cairíamos no mesmo farisaímos condenado por Jesus, com relação ao Corban. Nossa consagração a Deus não nos exime de nossas responsabilidades, sejam familiares ou profissionais. 
Há tantas formas de se anunciar o Evangelho. Não negligenciemos pois, uma coisa ou outra: nossa família e nossa missão!  
Nos apoiemos também ao exemplo de Maria e José, como modelo a ser seguido, e peçamos a Deus o equilíbrio necessário para cumprirmos fielmente o nosso chamado.

Que Deus nos fortaleça nessa batalha!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Reino de Deus se faz através dos pequeninos

Se pararmos pra pensar sobre a nossa contribuição na construção do Reino de Deus, perceberemos que a nossa participação é tão simples quanto necessária para sua consolidação aqui na terra.

No entanto, muitas vezes achamos que não temos nada ou tão pouco para oferecer a Deus, que nos escondemos atrás do nosso comodismo, pois acreditamos que a nossa contribuição não fará tanta diferença na consolidação da obra.

Certa vez, Jesus nos disse que “O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”. (Mc 4, 31-32)

Quando consideramos a semente como a nossa contribuição pessoal, a luz das palavras de Jesus, vermos que, embora pequena ou insignificante como o grão de mostarda, se semeada será capaz de produzir resultados inimagináveis a ponto de não apenas multiplicar o produto semeado (mais mostarda), mas também servir de abrigo para outras espécies (os pássaros).

Isto porque cabe a nós a missão de semear, mas é o Espírito Santo de Deus que faz produzir os frutos. A nossa participação pode parecer singela, mas a ação de Deus através de nosso gesto concreto é tão poderosa que, quando menos nos damos conta, o grão já se transformou em uma exuberante árvore.

Dessa forma, não devemos nos apegar aos nossos medos e receios, ou achar que nada temos a oferecer. Talvez não tenhamos a eloquência de um grande pregador, ou a estrutura de uma comunidade, igreja ou cogregação religiosa. Muitas vezes esperamos nos sentir capacitados ou estruturados para lançarmos a semente, só que na maioria das vezes esperamos tanto que o grão apodrece sem ser lançado à terra.

O Reino de Deus se faz através dos pequeninos e a contribuição destes, quando realizada na simplicidade e abertura de coração, pode ser tão ou mais eficaz que a eloquência de muitos pregadores. Afinal,como já falado, Deus mesmo se encarrega de produzir os frutos.

Há muitos irmãos nossos sedentos por Deus, mas muitas vezes não há quem lance a semente. Não se surpreenda se, ao mínimo sinal de amor de Deus que você dirigir a uma pessoa, de uma hora pra outra, pela ação do Espírito Santo, ela se torne presença viva de Deus e sinal de santidade para tantas outras. Para isso, basta lançarmos a semente. Dessa forma, vamos construindo desde já o Reino de Deus aqui na terra.

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Grande mistério de amor

Grande prova do amor de Deus por nós é a entrega de seu Filho em sacrifício, para a remissão de todos os nossos pecados. Grande amor também se percebe na renovação do sacrifício de Jesus todos os dias em cada Santa Missa celebrada sobre a Terra.

Mas talvez não nos atentamos a cada mistério que o Sacrifício de Jesus esconde. Quando Jesus se dá no Pão, cada vez que comungamos do Seu corpo nos unimos não só a Ele, mas a cada pessoa que nesse momento estiver comungando. Se na comunhão do corpo de Cristo me torno um com Ele, e se o mesmo Cristo que está em mim também está no irmão que comunga naquele instante, consequentemente também me torno um com o este irmão quando comungo do corpo de Cristo.

É possível contemplar a sabedoria de Deus ao nos deixar o sacramento da Eucaristia, pois talvez esta seja a única forma de unir pessoas que provavelmente nunca estariam em união. A Eucaristia é a forma mais perfeita de unidade entre os filhos de Deus.

Outro grande mistério é que no momento da consagração, quando Cristo se torna presença real em nosso meio, não há mais distinção entre Céu e Terra, pois Cristo traz o Céu até nós. Nesse momento tudo passa a ser Céu, pois o próprio Cristo se torna presente a nossos olhos. Podemos vê-lo, tocá-lo, senti-lo, podemos comer do seu corpo e beber do seu sangue precioso. O Divino vem até o nosso humano, em sinal de amor por nós.

Quando Deus trás o Céu a Terra, pela renovação do sacrifício de seu Filho, não só o Cristo se faz presente, mas também toda a Igreja celeste, com seus os anjos e seus santos, que participam desse momento sublime da graça de Deus. Os santos não precisam comungar a Cristo, pois já vivem constantemente em sua presença, em comunhão com Ele. E mesmo os anjos que foram criaturas criadas para adorá-Lo, não podendo adorá-Lo em seu íntimo vêm adorá-Lo em nós, que nos tornamos sacrários vivos de Jesus no momento da comunhão.

Nesse momento não é mais apenas o nosso sangue a correr em nossas veias, mas é o próprio sangue de Cristo a correr em nós. Podemos dizer como São Paulo: “já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2,20)”, pois o sacrifício de Jesus nos transforma e Jesus passa a ser presença constante em nós.

Grande graça também ocorre quando estamos impossibilitados de comungar, pois isso não nos impede de adorá-Lo no irmão que O recebeu. No momento da comunhão, Jesus toma todos os espaços da Igreja e cada um é enviado como missionário ao mundo para ser presença de Cristo a todos que necessitam.

Sendo assim, que esse seja o nosso maior desejo: que quando nos olharem não mais nos vejam, mas vejam o Cristo que habita em nós!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

domingo, 18 de setembro de 2005

Nossa missão não pode ser estéril

Tantos são os ministérios a qual Deus nos chama. Uns são convocados a serem profetas, outros doutores, alguns a realizar milagres, outros a socorrer, governar ou aconselhar. (cf. I Cor 12, 28-30).

Sozinhos nós não somos capazes de tudo, necessitamos uns dos outros. O dom do meu irmão completa em mim o que me falta, ao passo que também sou capaz de lhe oferecer o dom que ele não tem. Sendo assim, necessitamos viver em comunidade. O homem não nasceu para viver sozinho. Entretanto, é aconselhável que não tomemos os dons para benefício próprio, mas, antes, para a edificação da comunidade. (cf. I Cor 14, 12).

Deus tem chamado a muitos, mas poucos têm acolhido Seu apelo. Antes dos profetas, doutores ou pessoas que realizam milagres, a necessidade da Igreja hoje é de pessoas que se doam de tal forma ao próximo, na caridade e no amor, que se necessário apenas lavar o chão ou limpar um banheiro, o fazem com alegria, certos de que estão cumprindo a vontade de Deus. Não há maior alegria que dar a vida pelo próximo (cf. Jo 15, 13), e ainda, é maior felicidade dar que receber (At 20, 35c).

Não importa qual é o nosso chamado, qual é a nossa missão. Devemos abraçar com tanto amor o nosso chamado, que se necessário derramar lágrimas diante das nossas provações, o faremos com toda a humildade de coração, perseverando no propósito que assumimos diante do Senhor. (cf. At 20, 19).

Nossa missão não pode ser uma missão estéril, mas deve produzir muitos frutos para a salvação das almas e a concretização do Reino de Deus aqui na Terra. Não queremos ser cortados e lançados fora (cf. Jo 15, 1-2), mas produzir frutos de amor e de caridade, para alegria de Deus, nossa e de nossos irmãos.

Permaneçamos, portanto, fiéis Àquele que nos chamou, apresentando- lhe como oferta, multiplicados, todos os talentos que Ele nos confiou (cf. Mt 25, 14-30); apresentando-lhe frutos na proporção de cem por um (cf. Lc 8, 8).

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

terça-feira, 2 de agosto de 2005

O cristão age com justiça!

Como saber se agimos de acordo com a vontade de Cristo? Talvez esse questionamento aguce a curiosidade de muita gente. Primeiramente gostaria de salientar que não é necessário que os outros saibam ou não se somos cristãos, pois não praticamos a nossa fé para que os outros nos vejam ou nos aplaudam em público, mas temos na fé nossa resposta ao amor de Deus para conosco.

Entretanto é natural que o cristão seja reconhecido de longe, principalmente porque um comportamento muito comum entre os que creem verdadeiramente em Deus é a prática da justiça. O cristão não consegue ficar indiferente ao pobre, ao marginalizado, ao sofredor. É natural que diante da miséria, da desigualdade social, o cristão queira buscar todas as soluções possíveis, e até mesmo impossíveis, para que um mundo de amor, de paz e de igualdade seja edificado. 


No entanto existem outras práticas de justiça que colocam o cristão em evidência. Quem age como cristão, não consegue tomar para si algo que não lhe pertence, nem mesmo usar de meios ilícitos para atingir posições de destaque, seja no emprego, na sociedade, ou no cenário político do país. O cristão não facilita as coisas usando de meios ilegais para alcançar algo que tanto sonha, mas prefere suportar o sofrimento e alcançar com o esforço próprio tudo aquilo de que necessita.



O cristão é aquele também que respeita a família, honrando pai e mãe, age conforme as leis do país ou as normas de uma empresa ou associação, respeita as políticas públicas e ambientais, assim como os direitos humanos, do recém-nascido ao idoso, busca ser politicamente correto, enfim, não se contenta em pensar apenas no benefício próprio, mas também no de toda a sociedade.



Portanto, todas as leis apresentadas no evangelho não foram criadas para nos escravizar, mas, antes de tudo, são pequenas propostas para bem vivermos em comunidade. A lei serve para nos educar, tanto é que Cristo nos mostra que devemos respeitar não somente as leis divinas, mas também as leis sociais. 



Não podemos viver as leis e os mandamentos apenas como mero cumprimento de preceitos, mas enxergar nesses meios divinos a maneira mais fácil de encontrarmos graças aos olhos de Deus. As leis trazem benefícios não apenas pessoais, mas também para toda a sociedade. É por isso que Deus olha com bons olhos aqueles que praticam a justiça.



“Os olhos do Senhor estão voltados para os justos e seus ouvidos atentos aos seus clamores” (Sal 33, 16). Não é difícil observar as leis quando o amor a Deus fala mais alto em nosso coração. É fruto da nossa conversão profunda e sincera a prática do bem. Analisemos, pois, como estamos agindo em sociedade, pois nossos exemplos mostrarão claramente se somos verdadeiramente cristãos.



Eduardo Faria

Missão Combatentes do Bom Combate

domingo, 24 de julho de 2005

Acima de tudo, ser fiel.

Diante de tantas características que devem acompanhar o servo de Deus, uma que merece grande destaque é a fidelidade. Não há como não ser fiel diante de um Deus que sempre nos será fiel (mesmo que venhamos a errar).

O amor a Deus nos leva a mudança de vida: a desejarmos agradá-lo sempre, buscar superar as nossas falhas e a nos comprometer com Suas vontades.

Teremos sim algumas dificuldades em viver tudo o que Deus nos pede, cairemos algumas vezes. Mas uma vez experimentado o amor de Deus, é natural buscar uma vida de compromisso e fidelidade, pois o amor nos leva a isso.

Na maioria das vezes essa busca é mais intensa no começo de nossa conversão, e com o passar dos anos esmorecemos na fé. Acabamos deixando o homem velho falar mais alto e não damos mais a devida atenção ao nosso Deus.

Outras vezes nos abalamos quando aquele irmão de caminhada em quem muito nos espelhávamos começa a demonstrar certa frieza, quando percebemos nele a perda do fervor que outrora nos encantava.

Nessas horas é importante buscar novamente em Deus, na oração e na eucaristia, os meios necessários para regressarmos ao seu amor. É com a ajuda de Deus que teremos o coração novamente abrasado. Se desejarmos ansiosamente permanecer no amor, o Senhor enviará sobre nós o Espírito Santo que nos dará força.

Não devemos nos deixar abater pelas dificuldades em seguí-Lo, essas sempre existirão, nem com um possível contra testemunho da comunidade. Não é porque um irmão se demonstra infiel, que nós tomaremos isso como pretexto para também não ser fiel. Nosso compromisso maior é com Deus.

Por isso devemos nos esforçar para sempre estar presentes quando assumimos um compromisso de serviço na comunidade. Mesmo se eu for única pessoa a honrar o compromisso assumido, não importa, devo permanecer fiel. Afinal, a obra é para Deus, e não para os homens. É com Ele que devemos nos preocupar.

É claro que não podemos deixar de investigar o que acontece na vida do irmão, tentar compreender os motivos que o impediram de honrar seus compromissos, e sempre motivá-lo a caminhar. Pode ser que ele esteja passando por um momento ruim e precise muito de nossa ajuda. Se não verificarmos, nunca saberemos.

Mas se mesmo assim eu ainda continue sendo a única pessoa na face da terra a não falhar nos compromissos assumidos com Deus, que eu continue assim até a morte, pois isso me fará digno da coroa da vida. Acima de tudo, ser fiel. É o Senhor quem diz:

“Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida” (Ap 2, 10b).

Que o Senhor nos ajude nessa batalha!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Unidade na diversidade

Embora hoje em dia vejamos uma diversidade enorme de religiões, seitas e crenças, a vontade de nosso Pai que está no céu é que todos sejamos um. Vemos Jesus expressar esse desejo no evangelho de São João: “e haverá um só rebanho e um só pastor” (cf. Jo 10, 16).

Por um lado não é ruim o fenômeno religioso visto nos nossos tempos. É sinal de que o povo está sedento de Deus. O maior problema talvez seja as pessoas procurarem em lugares errados. Muitas religiões e seitas oferecem soluções imediatas pra todos os problemas, mas não apresentam, ou apresentam de forma distorcida, o sentido maior da fé, o amor verdadeiro revelado por Jesus.

Nós, católicos, estamos certos de nossa fé, pois cremos na Igreja fundada pelo próprio Jesus Cristo através de seus discípulos. Infelizmente muitos, inconformados com os erros encontrados na Igreja Católica, se afastaram da verdade. Não tiveram sabedoria suficiente pra enxergar que os erros estavam nos homens e não na Igreja. A Igreja sendo fundada por Jesus não poderia estar errada, pois esta é assistida pelo Espírito Santo. Talvez o mais certo a ser feito seria tentar reformar a Igreja por dentro, e não se rebelando contra ela.

Infelizmente o erro já foi cometido, e não há mais como voltar atrás. Mas mesmo assim ainda é possível sermos um, ser um só rebanho e um só pastor. A partir do momento que respeitamos as nossas diferenças, servindo verdadeiramente ao mesmo Senhor, nos tornamos um pelo santo sacrifício de Jesus. Talvez a religião em si não seja o mais importante, contanto que o mundo inteiro conheça, ame e declare Jesus como seu salvador, assim como ao Pai e ao Espírito Santo.

Queremos sim seguir a verdade, e mesmo com as nossas diferenças é possível mostrar que podemos ser um. A beleza da Igreja Católica é que podemos encontrar essa unidade na diversidade. Encontramos na nossa igreja diversos movimentos e pastorais, como vicentinos, franciscanos, salesianos, carmelitas, movimentos como a Renovação Carismática Católica, Focolares, Legião de Maria, Neocatecumenato, Opus Dei. Enfim, cada um vivendo a sua espiritualidade específica na sua forma de orar e de agir, mas todos se unindo no momento maior da nossa fé, na santa eucaristia. Cada movimento tem as suas reuniões particulares, mas todos se encontram nas missas e se fazem um com o irmão através de Jesus que se entrega no altar.

A Igreja Católica é prova viva de que é possível ser diferente, mas viver a mesma fé. Deus nos dá diversos dons e carismas, repartindo a cada um conforme lhe convém (cf. I Cor 12, 11). Aí está a nossa riqueza, poder somar os nossos dons e colocá-los a serviço do próximo.

Não há porque me separar da Igreja com a desculpa de que não consegui me encontrar. Talvez eu não tenha buscado direito, pois na Igreja Católica sempre haverá um movimento, uma espiritualidade ou uma pastoral que se assemelhará com os meus anseios, e responderá àquilo que eu busco. E o melhor, com a graça de continuarmos sendo um.

Se uso como desculpa o fato de não concordar com isso ou aquilo na doutrina da Igreja, e me separo para abrir uma nova igreja de acordo com aquilo que acredito, estarei me rebelando contra o próprio Jesus, que prometeu assistir sua Igreja através do Espírito Santo. Por isso os dogmas de fé são inquestionáveis, pois foram revelados pelo próprio Espírito Santo que nos assiste. Não posso querer adaptar a religião para me servir, e sim querer servir com todo o meu coração Àquele que está acima de qualquer religião: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Procuremos, pois, a unidade na diversidade, certos de que um dia formaremos um só rebanho, a serviço de um só pastor. Permaneçamos, pois, fiéis e um dia teremos a graça de desfrutarmos, todos juntos, do grande banquete do Cordeiro.

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

sexta-feira, 8 de julho de 2005

A salvação como consequência do amor

“Crê no Senhor Jesus e seras salvo, tu e tua família” (At 19,31).


Segundo as escrituras, o único requisito para sermos salvos é crer em Jesus. Todas as outras coisas, como a obediência das leis e dos mandamentos, por exemplo, são apenas orientações para se viver bem. Não devem ser uma obrigação, mas frutos da nossa fé. Devem ser nossa resposta ao amor de Deus.

A salvação foi nos dada de graça, pelo sangue de Jesus derramado na cruz. Pelo seu sangue Jesus redimiu a humanidade de todo o pecado. 

Mas Jesus não nos exige nada para sermos salvos. Apenas que acreditemos em tudo o que Ele fez por nós. 

Sendo assim, o caminho da salvação passa não só pela cruz, mas também pela nossa fé. Só os que tomarem posse do sacrifício de Jesus, dizendo, “Senhor, eu creio que tudo o que fizestes foi por amor a mim”, serão salvos. É preciso, portanto, que eu aceite o sacrifício de Jesus por mim.

A cruz em que Jesus foi crucificado não era dEle, e sim nossa, afinal, fomos nós quem pecamos. Por isso, a partir do momento que Jesus tomou nossa cruz, passamos a pertencer a Ele. Jesus comprou nossa salvação pelo preço de seu sangue. 

Mas, mesmo com tudo isso, Jesus não nos obriga a aceitar seu sacrifício. É nossa opção acolhermos, ou não, essa graça. Mas só quem acreditar e tomar posse para si do sacrifício de Jesus pode ser salvo. Outro caminho não há, senão pela cruz.

Contudo, nenhuma outra obrigação é nos apresentada como requisito para a salvação. Jesus nos propõe, sim, seguir os mandamentos, praticar boas ações, ir à igreja todos os dias se possível for,... Mas isso não nos salvaria se não aceitássemos verdadeiramente tudo o que Ele fez por nós. Apenas seguir preceitos de nada valeria se não houvesse em nós o amor (cf I Cor 13, 1-3).

É claro que a pratica de boas ações são caminhos que nos aproximam cada vez mais de Deus, mas são frutos da fé. O seguimento de Jesus não pode ser uma obrigação, ou simplesmente cumprimento de preceitos. Ao contrário, todas essas práticas devem acontecer naturalmente, por amor.

Mas é natural que uma vez em contato com o amor de Jesus nosso coração seja transformado e queiramos sim, praticar todos os mandamentos, seguir as leis, seguir os caminhos que Jesus nos apresenta. Tamanho amor nos faz nascer para uma vida nova. Por isso nosso coração se inquieta, e só conseguimos responder ao amor amando. 

Diante disso, poderíamos até querer praticar o bem para “pagar” a Jesus tudo o que Ele fez por nós, mas é certo que não conseguiríamos. Tudo o que fizéssemos por Jesus ainda seria pouco perante tamanho sacrifício. 

Mas passamos a agir diferente sim, por amor, pois amor gera amor. Não há como ser indiferente ao amor de Deus. Aquele que foi amado de tal forma deseja também amar em plenitude. Pra nós passa a ser uma alegria a realização de boas ações, a pratica do bem. Enfim, nos alegramos em amar.

Por isso, antes de seguirmos Jesus buscando a salvação, queiramos, pois, amá-lo em plenitude, e que a nossa salvação seja a conseqüência desse amor. 


Que o Senhor Jesus nos abençoe a cada dia mais nesse caminho!


Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate

terça-feira, 28 de junho de 2005

Não se abater pelo pecado

Embora muitos de nós estejamos sempre em busca da santidade, infelizmente ainda somos susceptíveis a falhas e sofremos algumas quedas. Em virtude disso, muitas vezes nos deixamos abater pelo desanimo e pensamos em desistir da luta.

A nossa vontade é fazer sempre à vontade de Deus, agradando-O sempre, em virtude de todo o amor que Ele tem por nós. Mas quando nos deparamos com as nossas fraquezas, nos parece que tudo o que fizemos até então foi em vão. Afundamo-nos na tristeza e nos parece que nunca mais seremos capazes de vencer nossas dificuldades.

Mas, ao contrário do que pensamos, Deus não fica indiferente a nossa luta. Cada esforço nosso, cada vitória diante do pecado é celebrada com júbilo no coração de Deus. É verdade que Deus se entristece quando caímos, quando por um instante parecemos tê-Lo esquecido, mas muito maior que a tristeza gerada por nosso pecado é a alegria de Deus quando levantamos a cabeça e decidimos prosseguir com o propósito de não mais cair. Não é que não pecaremos mais, mas lutaremos com todas as nossas forças para cair cada vez menos, até um dia, com a graça de Deus, ver-nos libertos de todas as nossas fraquezas. Como o Papa João Paulo II bem escreveu na encíclica Fé e Razão, “Deus sempre abençoa o esforço da busca”. Isso sim deve ser o motor pra continuarmos lutando.

É natural a nossa auto cobrança, a nossa auto piedade, o nosso sentimento de derrota. Se ainda temos a graça de experimentar esses sentimentos é sinal de que ainda não estamos indiferentes ao amor de Deus por nós. O ruim é quando começamos a banalizar as coisas, a achar tudo normal, e não mais nos questionarmos em relação as nossas faltas. Quando agimos dessa forma, passamos a valorizar muito mais as nossas vontades do que o próprio amor do Pai.

Devemos sim nos entristecer por nossos erros, mas não fazer disso empecilho pra lutar. Mais que depressa se faz necessário erguer a cabeça, nos reconciliar com o Pai e nos colocar de prontidão, fortalecidos para as próximas batalhas.

Se acharmos que Deus não nos perdoará, que nunca mais seremos dignos de lutar pela santidade, de nada valeu todos os ensinamentos de Jesus de que nosso Deus é um Deus que ama, que acolhe os fracos, os pecadores, e que pelo seu Espírito Santo Ele mesmo nos dará forças pra lutar. Estaremos indiferentes a Jesus que acolhe os irmãos nas suas fraquezas com toda misericórdia? A Jesus que perdoou a mulher adultera, a samaritana no posto de Jacó, aos seus perseguidores que o crucificaram, ao bom ladrão na cruz, e, acima de tudo, a Jesus que perdoou todos os pecados da humanidade se entregando inteiramente na cruz por nós?

Não desista da luta porque você caiu no mesmo pecado pela enésima vez, mas levante a cabeça e acredite que mais uma vez Deus te acolhe, te perdoa e te dá uma nova chance. Se mil vezes ainda cairmos, mil vezes o Senhor nos dará uma nova chance. Não pense que você não mais alcançará a santidade porque pecou muitas vezes, pois a santidade não é para aqueles que são perfeitos, mas sim para aqueles que não desistem de lutar.

Que o Senhor te abençoe e te guarde nessa batalha, rumo à eternidade!

Eduardo Faria
Missão Combatentes do Bom Combate